Seus olhos fazem umas curvas que eu não sei explicar. Sempre que eu as sigo, sinto cócegas atrás das minhas orelhas, um arrepio gostoso nos braços e, às vezes, vontade de chorar. Hoje o meu dia foi uma droga e tudo o que eu quero é o seu sorriso bonito e o seu beijo quente. Vou preparar alguma coisa pra você comer, rir do seu "L" e enrolar seus cachos nos meus dedos. A gente pode ouvir o lp do Led que eu te dei. Led Zeppelin IV. E depois cair exaustos na cama, morrendo de vontade e de sono.

Leônidas, meu querido

Eu gosto de me trancar no quarto, ouvir música e ficar olhando pro teto, pensando em nada. Mas o Léo sempre me atrapalha. Não sei o que acontece na cabeça dele, às vezes acho que é a idade, ele está ficando caduco. Sem mais nem menos, ele se levanta, se esfrega na minha cama e fica arranhando a porta. É extremamente irritante.
Mas ele ainda instiga meus sentimentos mais puros. Vou sentir muita falta quando ele se for. Pobre Léo, está no fim da vida. Ah, eu odeio a ideia de que tudo tem um fim. Odeio a palavra "fim". Raios.

Há muito tento escrever algo bonito pra você, mas eu te amo tanto que as palavras me faltam. Queria falar dos seus olhos nos meus, dos seus lábios nos meus, do seu corpo no meu, mas palavras seriam brutas e eu não quero machucar as asas. Eu gosto de voar com você por aí, sem lenço, sem documento, apenas você no peito, por isso seria um pecado machucar as asas, entende? Prefiro guardar imagens na minha cabeça, para quando você estiver longe, eu ainda possa sorrir com os olhos. E quando chegar a noite, que eu receba dois sóis flutuantes em minha íris e sorria tudo o que conseguir sorrir, para que você decifre as palavras que não foram escritas aqui.

"O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada"

"meu corpo é testemunha do bem que ele me faz"

Eu acordaria ao seu lado todos os dias, ao som de Beatles, com o cheiro de preguiça e as gotas de chocolate espalhadas pelo corpo. Poderia ficar para sempre nos cachos dos seus cabelos ou nos seus olhos quase amarelos de sol. Correria meus lábios por todo o seu corpo, sentiria o seu gosto, sentiria você em mim. Sempre.

(e ainda guardo comigo a margarida, o segredo do melhor macarrão e a cueca. A última, não posso esquecer de devolver).

O choro baixo
que ecoa dentro de mim
quando te sinto longe demais
rasga o pouco de força que me resta
e inflama o meu peito

Todas as palavras que eu não disse
e que você não ouviu
lotaram meu caderno
vararam minhas noites
molharam meu travesseiro

As lembranças das noites tórridas
nossos corpos úmidos
dark side of the moon
inundam essa cama vazia

Caso a coragem derrotasse a covardia
e eu finalmente me mostrasse pra você
sem armaduras
sem máscaras
terias cuidado com as minhas feridas?

caderno novo, duas horas da manhã

Se eu te falasse
tudo o que se passa aqui dentro,
você ouviria?

Se eu te mostrasse
tudo o que eu posso ser,
você enxergaria?

Se eu te tocasse
do jeito que eu gostaria de tocar,
você sentiria?

Se eu derramasse lágrimas
na sua frente
toda vez que você fosse de outra,
você secaria?

Se eu me arriscasse
só para estar ao seu lado,
você ma faria sorrir?

E se eu nunca mais aparecesse,
talvez por medo das feridas
você sentiria falta dos vestidos,
das idéias infantis,
dos textos baratos de blog,
da gaita desafinada,
e de mim?