segunda-feira, 17 de novembro de 2008

- Você anda ouvindo músicas muito tristes ultimamente.
- Impressão sua.
- Você ouviu sete CDs do Pink Floyd, um seguido do outro.
- E daí?
- Eu acho Pink Floyd um tanto melancólico.
- Não é.
- Já tomou seu remédio hoje?
- Se você não percebeu, faz uma semana que não tomo nenhuma pílula.
- Por quê?
- Porque eu não gosto de sentir que estou sendo controlada. Aquele remédio me dá uma sensação horrível, parece que eu estou presa dentro de mim mesma, e não tem coisa pior do que ficar preso dentro de si mesmo. Entende?
- Entendo. Mas... e essas lágrimas no seu rosto?
- Que lágrimas?
- Essas aí, molhando sua blusa, seu caderno.
- Elas sempre estiveram comigo, só que o remédio estava controlando.
- E você gosta quando elas estão aí, escorrendo pelo seu rosto?
- Não. Eu gosto quando elas estão livres para escorrer.
- Ao contrário do que você pensa, ninguém está te prendendo. Você mesma se encarrega disso.
- Não.
- O que diabos te deixou desse jeito? O que te machuca tanto?
- Eu não sei.
- Sabe sim, mas tem medo de encarar a verdade. Você é fraca, sempre foi.

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