sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Pablo Neruda

“Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite sobre suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como o âmbar dormido.

Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma viajará pela sombra comigo,
só tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.

Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo
teus olhos se fecharam como duas asas cinzas,

enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho.”


Foi a primeira coisa que li quando acordei em sua cama, numa manhã chuvosa de sábado. Você tinha tirado de um de seus livros e deixado ali, em cima do criado-mudo. Ontem comprei um livro do Neruda e, folheando algumas páginas, deparei-me com ele novamente. Senti um aperto no coração e fechei o livro.

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