Seu corpo ficava miúdo, encolhido no meio da cama. Os fios loiros espalhados no lençól.
- Amélia, assim não dá. Toda vez que você ganha esse jogo, ele trava. Aí lá vai você resmungar na cama.
- Eu fico nervosa, esse é o meu jeito de descarregar a raiva.
- Mas me deixa aflita, sem saber o que fazer. Não fica assim, é só um jogo.
Afastei seus cabelos delicadamente com a ponta dos dedos e beijei-lhe a nuca. Ela riu. Continuei pelo pescoço, os ombros, o queixo...
- Você é como um sonho.
- E você é uma coisinha nervosa e emburrada.
Beijei-lhe a boca. Amélia tinha um gosto doce, dizia que era mel, por causa do nome, por causa dos olhos, por causa do cabelo. Deitei-me ao lado dela.
- É estranho - eu disse enquanto brincava com a barra de seu vestido vermelho.
- Estranho?
- É. Mas de um jeito bom. Não sei explicar.
- Eu sei. É novo pra você.
- É.
- Paula, o meu único medo é que você esteja levando isso como uma simples brincadeira.
- Como assim? (e não é?)
- Eu gosto de você, quero ficar com você, e é sério. Por favor, tenha cuidado com o que está acontecendo com a gente.
Fiquei calada, aquilo me assustou um pouco. Notei que os olhos dela estavam úmidos, mas nada fiz para secá-los. Amélia virou-se para mim e, num sopro de voz, choramingou algo do tipo "fica até mais tarde hoje?". Eu não fiquei, eu não consegui.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
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