Eram as estrelas dos olhos dele. Brilhavam. Estava sentado na velha poltrona de couro marrom, lendo Neruda e fumando um de seus cigarros. Deitei-me no tapete e acendi o Carlton.
- Você me irrita - falou, deixando o livro aberto sobre os joelhos.
- Por que?
- Você sempre chega tarde, não me cumprimenta e deita-se aos meus pés, sem dizer coisa alguma. Pensa que eu não vejo as manchas no teu corpo, nas tuas roupas? Eu sinto o cheiro dele nos teus cabelos desgrenhados, o gosto dele nos teus lábios cálidos. Finjo não me importar, fico aqui lendo meu livro, angustiado, ansioso por você.
- Pensei que você realmente não se importava.
- Então quer dizer que você faz de propósito?
- Às vezes.
- Não esperava uma atitude dessas vinda de você. E quem é ele? Quem é esse cara que te afasta de mim?
- Não é ninguém.
- Eu quero saber quem é.
- Não vale a pena.
- Você está me provocando de novo.
- É.
- Por que diabos você está estragando tudo?
- Porque eu tenho medo.
- Medo de quê? - disse com os olhos úmidos.
- Medo de amar você.
- Isso é ridículo.
- Isso sou eu.
- Isso é a porra da sua insegurança.
sábado, 8 de novembro de 2008
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